domingo, 8 de dezembro de 2013

Viciados em infinito

"Porque, há muito, eu erro a receita do equilíbrio. Uso a parte que não deveria na hora em que não poderia. Me confundo com as metades que brigam dentro de mim. Tenho uma parte que acredita em finais felizes. Em beijo antes dos créditos, enquanto outra acha que só se ama errado. Tenho uma metade que mente, trai, engana. Outra que só conhece a verdade. Uma parte que precisa de calor, carinho, pés com pés. Outra que sobrevive sozinha. Metade autossuficiente…"
(Caio Fernando Abreu) 

         Percebi que só sei escrever entre extremos estados emocionais : felicidade explosiva ou tristeza infinda. Bom, esse é um desses momentos em que me sinto entocada em mim mesma e imersa em tudo quanto é experiência pela qual passei desde meus anos de vida em que tinha lucidez e sabia o que estava ocorrendo ao meu redor.
Não sei perdoar e não entendo o porquê.Perdoar é lindo e sempre choro em filmes que falam sobre perdão. Acho que perdoar é,acima de tudo, um ato de amor. Mas eu não sei...Parece que ao amar, tanto amigos quanto namorados, dou um pedaço da minha alma para a pessoa,confio inteiramente e espero o mesmo. Às vezes há sim a decepção,mas em alguns casos consigo guardar as pessoas mais lindas que conheço bem aqui,em mim. Seguindo um raciocínio lógico, se amar é um ato de amor e eu não sei perdoar,pode ser que eu também não saiba amar. Talvez eu não perdoe por preguiça,apenas. É,preguiça. Mentalmente eu já imagino o parto que vai ser reabrigar a pessoa no coração e vida, e reempossá-la de todos os artifícios para me ferir novamente, e rir de novo, e até mesmo chorar com ela. É um desgaste emocional que evito. 
Podem me chamar de covarde mas a verdade é que viver é um desgaste emocional eterno.Poderia dizer que tenho uma alma de mil anos e todas as dores,alegrias e vivência não saem da minha cabeça, que vive fazendo um replay idiota de tudo que já aconteceu.Sou um replay mal feito do passado, porque sempre fui eu. Não sei o que acontece com as pessoas que chegam na minha vida,por razões absurdas não conseguem permanecer. Aliás, está aí uma das coisas que mais me pergunto nos últimos tempos :Por que quem chega nunca permanece? Claro que, salvo raras exceções,algumas pessoas permanecem. Mas é estranho quando revejo fotos do passado e tenho a estranha sensação de não saber como estão algumas pessoas que antigamente eram tão importantes. Não sei lidar com 'adeuses'.Sou uma tragédia de adeuses mal feitos, pelo simples fato de não saber dá-los. Eu sempre acho que sumir bruscamente vai resolver,mas é fugir. Sou tão corajosa para algumas coisas e tão 'mocinha' para outras. 
O mais estranho é que algumas pessoas, ao me conhecerem, se encantam com meu jeito  e gostam muito de mim, alguns me amam e eu penso que realmente pode ser para vida toda aquela amizade/romance.Ah, o vício humano em eternidade! Tema de vários livros,músicas e qualquer outra forma de arte. A vicitude humana em infinito. Queremos porque queremos que tudo seja eterno, que nada mude, para que saibamos lidar com as mesmas coisas sempre, e não nos magoemos com qualquer coisa. Seria bom. Será? Eu realmente pensava assim, em uma vida estática,mas feliz. Sem surpresas mas com as mesmas alegrias. É óbvio que eu raramente me magoaria por estar em um cenário conhecido, em um terreno em que pisava os pés e sentia a terra, e sabia que a terra daquele lugar era conhecida minha. 
Aprendi que surpresas podem ser ruins. Podem virar decepções. Podem ressecar. Mas algumas...Ah! As surpresas boas fazem-nos lembrar do porquê estamos vivos...Eu não sei quando vou morrer,você sabe? Eu não sei quando vou rir até chorar,também. Não sei quando vou encontrar alguém querido.Não sei quando vou receber uma linda declaração.Não sei quando vou encontrar a mim mesma. Você sabe? Isso tudo é tão acaso,e ninguém sabe a resposta. Mas é aquilo : Não lembramos que temos um coração até o mesmo bater acelerado por ver alguém ou parar. Não lembramos que respiramos até ficarmos ofegantes de tanto pular em uma festa ou nos afogarmos,por exemplo.Não lembramos que temos um braço até ele ser tocado por alguém e arrepiar-se ou até quebrarmos.Não lembramos muito da vida até ela pulsar de dor ou de te fazer sorrir. 
É isso. 

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